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sábado, 23 de julho de 2011

Boneco ARMSTRONG do Gugu, eu tive!

Lembro-me como hoje: lá estava o pequeno Neto, no auge dos seus 5 anos de idade, assistindo ao Domingo Legal quando anunciaram o lançamento do novo boneco do Gugu, o ARMSTRONG! Pronto, esse seria o meu mais novo sonho de consumo. Queria muito, muito, muito aquele boneco. Afinal, ele era demais, ele esticava, ele dobrava e, o mais importante, ele era do Gugu (sim, nessa época o Gugu era sinônimo de credibilidade, pelo menos para as crianças).
Sempre fui um menino muito consciente, nunca fui de dar pití, ou dar calundú só porque queria algo. Então, conversei com meus pais sobre a possibilidade de ter um Boneco ARMSTRONG (que maduro eu!). O boneco deveria custar uns 50 reais na época, o que, para época, era bastante dinheiro, pior: era bastante dinheiro, que seria empregado em um bonequinho que estica. Enfim, meus pais disseram que eu poderia ganhar, mas que seria somente no meu aniversário. A clássica desculpa para enrolar a criança e ela não ganhar absolutamente nada, afinal "Você prefere aquele boneco ou uma linda festa de aniversário do pica-pau??".
Todos aqui já foram criança e sabem muito bem como é a linha de raciocínio de um infante desejando um regalo, não é mesmo?

PASSO 1: EU QUERO! A criança deve mostrar o quão importante é aquele presente para sua vida. Explicar que esse não e qualquer boneco, que esse é "O Boneco ARMSTRONG do GUGU" e que para continuar tendo uma infância saudável, você precisa ganhar um. (Passo 1 OK!)

PASSO 2: ANTECIPAÇÃO DO PRESENTE! Para não ser enrolada pela 983798237982ª vez, a criança precisa bolar algum plano para sensibilizar seus pais ou algum parente próximo. Ganhando assim o seu lindo presente. (Passo 2 em andamento!)

Então, como um jovem rapaz esperto que era, tracei todo um plano: resolvi comprar um cofrinho para cada moeda, ou seja, 4 (ou seriam 5, não lembro direito) cofrinhos, de tamanhos diferentes. Meu objetivo não era juntar dinheiro até conseguir comprar meu boneco com meu próprio suor, meu objetivo ia além disso. Entendam:

VÍTIMAS: Meus avós maternos
PORQUE: Até os 11 anos de idade, além de filho único eu era neto único. Preciso falar mais alguma coisa?
COMO: Levaria os meus cofrinhos todos os dias para casa de meus avós, faria cara de criança carente, imploraria por moedas a todos os presentes e explicaria de forma detalhada e emocionada o motivo da arrecadação (mais informações no PASSO1).

Enfim, essa pequena palhaçada durou alguns dias, até que minha avó, super sensibilizada com meu esforço, me deu o dinheiro exato para comprar meu Boneco Armstrong!





Que FE-LI-CI-DA-DE! Sabe o que é desejar algo por muito tempo, juntar dinheiro COF COF, fazer planos $-$ e finalmente conseguir o que deseja?
Eu era só felicidade com meu Boneco Armstrong. Fui presenteado proximo ao final de semana e passei todo o sábado e o domingo com meu boneco. Fomos a feira com minha avó no sábado, com direito a visita ao açougue do meu avô e pesagem do Armstrong na balança de carnes. No domingo saímos para passear com a família e a tarde assistimos ao Domingo Legal, afinal, não perderia a oportunidade de assistir ao Merchan do Armstrong com meu boneco super novo ao meu Lado.
A noite, antes de dormir, coloquei o Armstrong em sua caixa e fui deitar. Na manhã seguinte, antes de sair para trabalhar minha mãe falou:
- Netinho, não é pra levar o boneco para o colégio. É para deixar em casa!
[Pausa dramática com patrocínio de Isis Valverde #SuaLinda]

Resmunguei, implorei, chorei, mas, nada feito. E, como toda criança normal faria, coloquei meu boneco escondido na mochila e fui, feliz da vida, pro colégio.

São nessas horas que vejo o quanto crianças são bobas e desprovidas de malícia.
1- Só uma criança vai ficar feliz em levar um brinquedo novo para o colegio e ver um monte de crianças mexendo e usando o seu brinquedo novo.
2- Só uma criança, não tem consciência de que Praga de Mãe é a pior e mais eficaz praga existente em todo o universo.
3- E só o songo do Neto (porque o proximo item tem nada a ver com ingenuidade infantil, é burrice mesmo) levaria um boneco escondido para o colégio onde a mãe dele trabalhava.
Brilhante!

Os proximos acontecimentos resumirei em tópicos super objetivos para amenizar o sofrimento, porque, sim, sofri bastante na época.
1- Após fazer o meu lanchinho, tirei o meu Armstrong da mochila e fui brincar com a garotada.

2- Dois moleques mais velhos pegam o meu Armstrong e resolvem fazer um remake de uma clássica cena do comercial (não achei o comercial nacional, mas segue o gringo, atenção aos 10s)

3- Meu boneco é rasgado na barriga e na axila vazando uma gosma.
4- Fiquei de castigo
5- Perdi o boneco
6- Ganhei a versão miniatura como consolação. Era um chaveiro.


Olha, fico muito triste em lembrar do meu sofrimento, de ter que brincar com um Armstrong todo envolto em fita adesiva e não poder mais esticá-lo. ='(

Gostaria de Agradecer a minha amiga Samilla Cardoso que lembrou do meu boneco, lembrou da situação super triste, quão sensibilizada ela ficou na época e ,o melhor de tudo: Lembrou que nós descobrimos que a gosma dentro do boneco era doce, e vivíamos comendo.

Em menos de um mês, meu Armstrong estava com a barriga oca. Sem falar que toda vez que minha mãe me pegava comendo aquilo, era mais castigo. Ela botava o boneco em cima do guarda-roupa e só me devolvia depois que ele estava devidamente lacrado com fita adesiva.

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