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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Dizem que somos parecidos

15 de julho de 2000, lá estava eu, no auge dos meus 11 anos de idade, as 4:30 da manhã, na Maternidade de Itororó, louco para conhecer minha irmã. O máximo que consegui foi encontrar minha mãe, pálida na cama, assistindo ao Curujão. Voltei pra casa e viajei pra Ilhéus com meus avós, louco para voltar logo e conhecer minha irmã.
Ela era a coisa mais linda do mundo: cabelo escuro, olhos escuros e o nariz com formato de fusca igual ao da mãe, igual ao meu. Detestava que desconhecidos fossem pegá-la no colo, pior ainda se fosse parente, porque tem um laço afetivo no contexto e não poderia cogitar a ideia de outra pessoa roubar meu lugar de "Melhor Irmão do Mundo".
Passava horas no quarto repetindo meu nome na esperança de algum dia ela conseguir falar. Resultado: aos 6 meses de idade ela falou sua primeira palavra, "Eto". Sim, eu era "Eto" e com o passar dos anos meu nome foi sendo reformulado: "Eto" virou "Teto", que virou "Tato", que virou "Ato", que, por sua vez, virou "Caco" o mais duradouro.
Aprendi a cuidar de minha irmã, arrumar cabelo, combinar roupas e afins. Ensinei-a a ser independente: "Você tem que saber se virar sozinha Veveu, quando esses moleques derem em cima de você, diga: 'Se respeite, eu sou uma criança, pare com isso ou vou falar com meu pai/mãe/irmão'". Para minha surpresa, na primeira vez que um jovem maroto se engraçou pro lado de minha irmã (na época com 6 anos), eu ouvi a seguinte frase:
"Olha aqui menino, se respeite! Que história é essa de você sair dizendo que eu sou sua namorada? Primeiro lugar: eu sou uma criança, segundo lugar: você acha que eu ia namorar um menino chato, estranho e com apelido de 'Tomate'?".
Realmente, ela aprendeu a se virar sozinha!
Pego muito no pé dessa mocinha, mas por uma boa causa, apenas quero ter a irmã mais linda, inteligente, educada e carismática do mundo.
Já se passaram 10 anos e ela continua crescendo e eu adoro acompanhar tudo isso. Cada descoberta, cada novidade, ver um pouquinho de meu pai, de minha mãe e de mim em cada atitude dela. Isso me deixa muito feliz!
São nessas horas que a saudade bate, que sinto falta de ouví-la reclamando de tudo a todo tempo. Mas logo mais estarei em casa, e minha felicidade estará completa quando estiver na porta colégio pra buscá-la e ouvir alguém dizer:
- E aí "Irmão de Veveu", beleza? - isso me enche de felicidade, isso me enche de orgulho!
Espero realmente que sejamos parecidos, que não seja apenas o nariz de fusca e o pé feio. Te amo Veu.


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